Fala Comunidade Ronaldo do Campinho

Dando continuidade ao Programa Fala Comunidade entrevistamos a liderança comunitária Ronaldo dos Santos do Campinho, presidente da Associação de Moradores do Quilombo do Campinho da Independência, coordenador da  Conaq –Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, líder fundador do FCT – Fórum de Comunidades Tradicionais de Paraty, Angra dos Reis, e Ubatuba, primeiro presidente da Acquilerj- Associação das Comunidades Quilombolas do Rio de Janeiro.

Saúde

Fazendo uma reflexão sobre o posicionamento da comunidade frente à pandemia do Covid-19, Ronaldo dos Santos, disse que, hoje, tanto quanto a população mundial, o Campinho está angustiado com esse momento difícil, com as incertezas pós-pandemia, o que define uma grande missão, “enquanto estamos vivos”, que é estar prontos para reconstruir tudo o que for preciso, por uma vida comunitária melhor.


Orçamento Participativo e covid 19

Questionado se o orçamento participativo, da “escola” do Comamp faz falta nesse momento de crise, Ronaldo nos remete à virada do século/milênio, quando projetos progressistas, de construção popular tomaram corpo, tendo em Paraty o protagonismo do Comamp como a grande tradução disso, da capacidade do povo de organizar, pensar propostas e refletir sobre agenda pública.
Desta forma, enfatiza que o orçamento participativo em Paraty, embora de curta duração, mas de imensa importância, é um assertivo caminho que a comunidade espera para essa retomada pós pandemia. Salientou, contudo, que é preciso entender a cabeça de quem governa, pois, para ele, o orçamento municipal é uma incógnita e não se sabe qual o tamanho da queda da arrecadação em 2020 e a previsão para 2021, observando que “talvez” nesse momento seja difícil para quem governa estabelecer números, fator que terá que ser debatido futuramente, pois só com estes se constrói perspectivas e projetos.

Estratégia de Saúde da Família

Em relação à Estratégia de Saúde da Família – criada pelas comunidades através do Comamp, há dezenove anos – e da ferramenta SIAB – Sistema de Informação de Atenção Básica, se funciona, se a população tem essas informações, Ronaldo dos Santos afirmou que concretamente não. Disse que a saúde pública seria outra, se a atenção Básica seguisse um parâmetro conceitual, nunca implementado. Mas na falta desse, Paraty, há dezenove anos constrói um modelo de Atenção Básica, de Estratégia de Saúde da Família, que avança um pouco mais ou um pouco menos, de acordo com o tempo, o lugar, pois existem equipes que pensam de forma agregadora e outras mais conservadoras. Para ele, tudo está num momento muito conservador.

Turismo de Base Comunitária e a crise do covid 19

Economia

O Campinho da Independência tem sua base econômica pautada no turismo de base comunitária. O fator isolamento social afetou diretamente sua economia. Para Ronaldo Santos, o Campinho, que nas últimas duas décadas tornou-se referência nesse tipo de turismo – que permeia tantas outras atividades e torna-se agente ativador dos processos internos desta  comunidade – sofre com a chegada da pandemia do Covid-19, que “vem denunciar a fragilidade do que é a economia do turismo (…) que é desmontada muito facilmente. E chama a atenção de “como nossos ancestrais se organizavam economicamente, como a soberania” alimentava-os “de forma mais sólida”. Desta maneira, Ronaldo dos Santos considera que esta é uma forma de Paraty, a Costa Verde e até o país repensarem os modelos de desenvolvimento, não jogando fora o que é importante, o que dá certo, mas resgatando “processos que eram muito mais importantes, o berço das comunidades e que foram negligenciados.

Gastronomia Sustentável e segurança alimentar

Sendo reconhecido pelo Passaporte Verde como referência no projeto Gastronomia Sustentável de Paraty, Agenda 21; o restaurante do Campinho que está paralisado e é uma das principais atividades econômicas da comunidade, os projetos futuros, pós pandemia para Ronaldo dos Santos, além do ‘batuque na cozinha”, do Jongo, do samba, que são cartões de visita, “temos pensado em avançar em outras frentes produtivas, que estavam um tanto esquecidas durante os anos” – ”lição que o coronavírus nos deixa” – como a segurança alimentar, a roça, plantar, etc…

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Editor Flitoral

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