Após árduo trabalho de mais de 20 anos, desde a primeira tentativa pró Patrimônio Mundial, em 1982 – entre pleitos e candidaturas, finalmente em 2019, Paraty-RJ foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) com o título de sítio misto Paraty e Ilha Grande Patrimônio Mundial pela Cultura e Biodiversidade. Foi a primeira vez que um local é declarado patrimônio misto – cultural e natural – na América do Sul. O reconhecimento se estende à Ilha Grande e uma extensa de área preservada da Mata Atlântica na Serra da Bocaina. A decisão ocorreu na 43ª Reunião do Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco, realizada, em Baku, capital do Azerbaijão, em 5/07/2019.
Luciano Vidal (Prefeito de Paraty) – Como caiçara, fazendo 47 anos hoje, recebendo o título em plena data de aniversário, é um orgulho muito grande poder compartilhar com o povo paratiense, turistas, visitantes, as pessoas que amam essa terra, ao governo estadual e federal, a UNESCO e com todos que ajudaram e contribuíram para que a gente conseguisse trazer esse título para Paraty. Muito obrigado a todos.
Aguardado há anos, Finalmente aconteceu a cerimônia oficial de entrega do certificado de Paraty e Ilha Grande Patrimônio Mundial pela Cultura e Biodiversidade, 12/11/2022 (sábado), às 10h, na Casa da Cultura de Paraty.
A coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Isabel de Paula e o superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Olav Shrade fizeram a entrega do certificado ao prefeito de Paraty, Luciano Vidal e à deputada estadual, Célia Jordão, que representou o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão.
Isabel de Paula (Coord. de Cultura da UNESCO no Brasil) – Quero saudar toda a população de Paraty pela obtenção do título de patrimônio mundial, cultural e natural, ou seja, patrimônio misto, que foi concedido em 2019, e hoje tivemos aqui em Paraty a possibilidade de fazer a entrega do certificado. Este título é muito importante para a UNESCO, porque Paraty é a cidade que tem um conjunto arquitetônico, histórico; um patrimônio cultural, material e imaterial de beleza extraordinária e de reconhecimento internacional pelo seu valor excepcional. E vai ser possível através desse título, se desenvolver um plano de gestão do sítio do patrimônio mundial, e isso vai beneficiar toda a comunidade.
FL – A senhora falou sobre a importância da Agenda 21/2030 e Paraty é referência. A senhora acha que tem que ser retomado junto ao Comitê Gestor da Agenda 2030 de Paraty?
Isabel de Paula – Sem dúvida nenhuma. Na implementação do Plano de Gestão do sítio patrimônio mundial de Paraty, ele vai contribuir para a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e com certeza pode ser até um exemplo internacional de como uma cidade que é patrimônio mundial, é cidade da rede de cidades criativas da UNESCO. E pode contribuir para essa Agenda tão importante da ONU e da UNESCO, que pretendem que nenhuma pessoa, que ninguém fique para trás no processo de desenvolvimento sustentável do planeta.
Olau Shrade (superintendente do IPHAN) – Venho celebrar junto a todos vocês esse dia tão especial, que é a entrega do nosso título da UNESCO, que contempla tanto a nossa cultura, nossa riqueza, nossa diversidade, o nosso patrimônio cultural, a nossa ancestralidade, as nossas matrizes, o redescobrimento da nossa história, assim como, esse cenário maravilhoso de mata atlântica, esse cenário de biodiversidade fantástico, que foi o nosso pano de fundo nesses nossos encontros dessa nossa riqueza natural.
D. João Oleans de Bragança – (Cidadão de Paraty, morador de Paraty, apaixonado por Paraty). Agora Paraty com a certidão, diploma como patrimônio da humanidade da UNESCO… patrimônio misto, cultural, ambiental e imaterial são três fatores importantíssimos para omunicípio. Paraty faz parte de 22 ou 23 sítios do mundo,em que mais de mil da UNESCO que fazem parte, só esses 23 são mistos. Paraty tem esse privilégio de participar. É um desafio agora para nós mantermos esse desenvolvimento sustentável na cultura, no ambiente e no patrimônio histórico. Isso é gerador de emprego, de renda e, principalmente, tem que ser sustentável. Essa é a mensagem que deixo para Paraty. Esse lugar fascinante e admirado por gente do mundo inteiro.
FL – É importante a retomada do Passaporte Verde e da Agenda 21/2030 de Paraty?
D. João – Sem dúvida. O Passaporte Verde e da Agenda 21/2030 de Paraty, fazem parte desse movimento rumo à sustentabilidade, rumo à preservação do patrimônio histórico, ambiental e cultural.
José Sérgio (Secretário Municipal de quê????) – Este é o momento único da certificação de fato dessa chancela de Paraty Patrimônio Mundial . Conhecendo já nossa cidade, nascido e criado aqui, sabendo da importância do nosso patrimônio, principalmente para as pessoas, nossos detentores de saberes, nossas comunidades tradicionais, é um momento ímpar dessa certificação, dessa chancela, para que, a partir de agora , tenhamos mais respaldo, mais força e o compromisso de todos para continuarmos cuidando da nossa cultura como a principal joia da nossa cidade. A nossa cultura viva, principalmente. Existe todo seu valor tombado, arquitetônico…mas nada mais valioso que a nossa cultura viva, os nossos mestres, os nossos detentores de saberes, a partir de hoje mais resguardados, para que a gente possa garantir a transmissão desses saberes por todas as gerações e manter a cultura de Paraty sempre viva.
Vagno Martins (Sub-Secretário de Agricultura de Paraty) – Sou caiçara, da comunidade de São Gonçalo. Estamos na Casa da Cultura recebendo o título de Patrimônio Mundial. Um título importantíssimo, tão sonhado, tão trabalhado pelas comunidades tradicionais, que contribuíram muito para que tivéssemos o melhor plano. É esse plano que foi construído, e hoje estamos aqui recebendo o título. Gostaria de dizer para as comunidades caiçaras, principalmente, que esse título sirva de prosperidade e que todas as lutas das comunidades sejam reconhecidas através dele. E que as políticas públicas sejam cada vez mais valorizadas. Valeu todo trabalho do Fórum das comunidades tradicionais e da Agenda 21 de Paraty. E que os objetivos da Agenda 21/2030 sejam resolvidos, ao menos na nossa cidade, com as políticas que são determinadas. É por isso que hoje estamos aqui muito felizes recebendo esse título de patrimônio.
NOTA do Flitoral – Nos seus 25 anos de existência o jornal Flitoral – Folha do Litoral Costa Verde tem acompanhado toda essa narrativa e sente falta da menção da Agenda 21/ 2030 no dossiê do título de Paraty e Ilha Grande Patrimônio Mundial e no Plano de Gestão, Agenda que será indispensável não só para consolidar esse reconhecimento, mas para garantir a sustentabilidade do planeta. A Agenda 21 de Paraty foi oficializada pelo atual prefeito quando era vereador.
Retomada da campanha em 2018https://www.youtube.com/embed/zpyBHBHMz9w?start=196
Histórico da campanha Paraty Patrimônio Mundial
1982 – O prefeito Edson Lacerda, Padrinho – Roberto Marinho, Instituto Histórico e Artístico de Paraty, Tom Maia e Regina de Camargo Maia preparam o primeiro dossiê que, por não ter sido encaminhado oficialmente através do Itamarati, não pode ser apreciado pela UNESCO;
2000 – A ideia ressurge no governo de Benedito Melo (Dedé); mesa redonda no final da extinta ECOTV;
2001 – O prefeito José Claudio de Araújo cria, através de decreto, “o Comitê Executivo Pro- Unesco” em paralelo foi fundada a “ONG Pro-Paraty”, tendo como presidente o dr. João Carlos Freire. É criado também, através de decreto, um grupo de trabalho permanente. “A Comissão Permanente PRÓ-Sítio do Patrimônio da Humanidade de Paraty”, Formada por instituições federais: IPHAN e IBAMA, ICOMOS (Governo do Estado), Conselho das Associações de Moradores de Paraty (Comamp), Dlis – Paraty, Fundação Roberto Marinho;
Dá-se início aos trabalhos técnicos e de campo, com reuniões nas comunidades: urbana, rural e costeira, trabalhando o conceito de patrimônio;
Dezembro 2001 – A Fundação Roberto Marinho promove o seminário “Planejamento e Patrimônio Mundial”, bases para a elaboração do Dossiê;
Início de 2002 – Seminário sobre relações internacionais (Itamaraty / Unesco Brasil);
2003 – José Pedro de Oliveira Costa, assume a coordenação geral dos trabalhos;
Final de 2003 – Término do 1º Dossiê, que é enviado no início de 2004 para a UNESCO. Paraty inscrita no programa Monumenta;
Final de 2004 – Devolvido ao Itamaraty, do Ministério da Cultura, com observações, sugestões e o pedido de um anexo, o “Plano de gestão”; IPHAN – assume a coordenação, na pessoa de Thays Ressoto;
2005 – José Carlos Porto Neto assume a prefeitura e apoia a continuidade dos trabalhos. Somente em meados de 2006 a coordenação dos trabalhos volta para Paraty. Tendo continuidade, novos estudos são feitos, buscando responder às sugestões da UNESCO e, em paralelo, prepara-se o Plano de Gestão, para acompanhar o dossiê;
2007 – José Pedro de Oliveira Costa se torna consultor do projeto e Sílvia Figuerut assume a coordenação. Setembro de 2007 – Através do Itamaraty seguem para análise no Centro do Patrimônio Mundial, o dossiê e o plano de gestão;
Outubro de 2007 – A UNESCO solicita mais informações e mapas detalhados;
Fevereiro de 2008 – Os novos estudos completam o Dossiê Final, acompanhado dos anexos: Plano de Gestão e um estado detalhado feito pelo governo português, DGEMIN – direção geral dos edifícios e monumentos nacionais (convênio assinado em 2003) – Vasco da Gama e Margarida, são enviados para a UNESCO, pelo Itamaraty;
Neste período Paraty é escolhida pelo Ministério do Turismo, entre 65 destinos turísticos, como um dos 10 destinos a se tornarem referência no Brasil, na categoria turismo cultural. A ONU – no programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), governo francês, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turismo escolhem Paraty para sediar um projeto piloto de turismo sustentável “Passaporte Verde” – referência para o mundo;
2009 – Com a candidatura – “Caminho do Ouro em Paraty e sua paisagem” chega na última etapa da avaliação, mas é rejeitada;
2012 – Paraty é reconhecida na abertura da Rio+20 como referência da Campanha Global Passaporte Verde;
2018 – Paraty é reconhecida como Cidade Criativa na Gastronomia, pela Unesco;
Paraty e Ilha Grande Patrimônio Mundial
Em 2019, finalmente Paraty-RJ foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade. É a primeira vez que um local é declarado patrimônio misto – cultural e natural – na América do Sul. O reconhecimento se estende à Ilha Grande e uma extensa área preservada da Mata Atlântica na Serra da Bocaina.
A decisão ocorreu na 43ª Reunião do Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco, realizada na sexta-feira, 5, em Baku, capital do Azerbaijão.
Expediente:
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