Seis anos após o reconhecimento pela Unesco, a efetivação do Comitê Gestor e a integração das comunidades tradicionais, relacionados ao Plano de Gestão , são passos cruciais para consolidar o título e garantir sua permanência.
Durante a mesa “Agenda 2030 e Patrimônio Mundial”, realizada na OFFFlip – Cultura de Paz, diferentes atores públicos e da sociedade civil reforçaram o compromisso de Paraty com a consolidação do título de Patrimônio Mundial, compartilhado com Ilha Grande.
A abertura do encontro foi feita por Domingos Oliveira, diretor do jornal Folha do Litoral Costa Verde , que apresentou uma linha do tempo iconográfica – com o peixe Paraty (Mugil curema), começando pela cauda, destacando a EcoTV e o Folha do Litoral Costa Verde como promotores do Plano de Desenvolvimento Sustentável durante a gestão do então prefeito Dedé (José Benedito), no ano 2000. O corpo do peixe representa os projetos e ações desenvolvidos ao longo das últimas décadas, detalhado no Planejamento estratégico de 2016 e na conquista dos títulos de Cidade Criativa pela Gastronomia em 2018 e Patrimônio Mundial, em 2019 — simbolizados pela cabeça.


Maria Eduarda, diretora de Patrimônio Mundial e Cidade Criativa, reforçou que o Plano de Gestão do sítio misto vem sendo atualizado de forma participativa, articulado com o novo Plano Plurianual. “Queremos que o Plano de Gestão seja um instrumento vivo, de pertencimento, onde a população participe, compreenda e contribua ativamente”, afirmou.

O presidente da Câmara Municipal, Vagno Martins, destacou a urgência da criação do Comitê Gestor e a importância de sua oficialização pelo IPHAN. Segundo ele, a medida reforça o compromisso de Paraty com o desenvolvimento socioambiental, fundamental para a manutenção do título.

Caio Espósito, ex-coordenador da Agenda 2030 na elaboração do plano de gestão, alertou para a necessidade de reavaliar o documento após cinco anos e de garantir a implementação das ações previstas, com a efetiva instalação do Comitê como espaço de diálogo contínuo com as comunidades.

Finalizando, o Secretário de Planejamento, Dax Goulart, apresentou as diretrizes do novo PPA, que inova ao priorizar três eixos transversais — biodiversidade, cultura e sustentabilidade — incorporando ações do Plano de Gestão e alinhando cada programa a pelo menos um dos 17 ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável). “Esse é um passo decisivo para vincular o planejamento municipal aos compromissos globais assumidos por Paraty”, declarou.
Histórico da campanha Paraty Patrimônio Mundial
1982 – O prefeito Edson Lacerda, Padrinho – Roberto Marinho, Instituto Histórico e Artístico de Paraty, Tom Maia e Regina de Camargo Maia preparam o primeiro dossiê que, por não ter sido encaminhado oficialmente através do Itamaraty, não pode ser apreciado pela UNESCO;
2000 – A ideia ressurge no governo de Benedito Melo (Dedé); mesa redonda no final da extinta ECOTV;

Foto: João Gerônimo – COMTUR, Amaury Barbosa- IHAP , Benedito Melo – Prefeito, Lia Capovilla – EcoTV, Domingos Oliveira – COMAMP/ Folha do Litoral Costa Verde, Ney França – APA Cairuçu, Izabele Cury – IPHAN, Mauro Munhuz – Arquiteto.
2001 – O prefeito José Claudio de Araújo cria, através de decreto, “o Comitê Executivo Pro- Unesco” em paralelo foi fundada a “ONG Pro-Paraty”, tendo como presidente o dr. João Carlos Freire. É criado também, através de decreto, um grupo de trabalho permanente. “A Comissão Permanente PRÓ-Sítio do Patrimônio da Humanidade de Paraty”, Formada por instituições federais: IPHAN e IBAMA, ICOMOS (Governo do Estado), Conselho das Associações de Moradores de Paraty (Comamp), Dlis – Paraty, Fundação Roberto Marinho;
Dá-se início aos trabalhos técnicos e de campo, com reuniões nas comunidades: urbana, rural e costeira, trabalhando o conceito de patrimônio;
Dezembro 2001 – A Fundação Roberto Marinho promove o seminário “Planejamento e Patrimônio Mundial”, bases para a elaboração do Dossiê;
Início de 2002 – Seminário sobre relações internacionais (Itamaraty / Unesco Brasil);
2003 – José Pedro de Oliveira Costa, assume a coordenação geral dos trabalhos;
Final de 2003 – Término do 1º Dossiê, que é enviado no início de 2004 para a UNESCO. Paraty inscrita no programa Monumenta;
Final de 2004 – Devolvido ao Itamaraty, do Ministério da Cultura, com observações, sugestões e o pedido de um anexo, o “Plano de gestão”; IPHAN – assume a coordenação, na pessoa de Thays Ressoto;
2005 – José Carlos Porto Neto assume a prefeitura e apoia a continuidade dos trabalhos. Somente em meados de 2006 a coordenação dos trabalhos volta para Paraty. Tendo continuidade, novos estudos são feitos, buscando responder às sugestões da UNESCO e, em paralelo, prepara-se o Plano de Gestão, para acompanhar o dossiê;
2007 – José Pedro de Oliveira Costa se torna consultor do projeto e Sílvia Figuerut assume a coordenação. Setembro de 2007 – Através do Itamaraty seguem para análise no Centro do Patrimônio Mundial, o dossiê e o Plano de Gestão;
Outubro de 2007 – A UNESCO solicita mais informações e mapas detalhados;
Fevereiro de 2008 – Os novos estudos completam o Dossiê Final, acompanhado dos anexos: Plano de Gestão e um estado detalhado feito pelo governo português, DGEMIN – direção geral dos edifícios e monumentos nacionais (convênio assinado em 2003) – Vasco da Gama e Margarida, são enviados para a UNESCO, pelo Itamaraty;
Neste período Paraty é escolhida pelo Ministério do Turismo, entre 65 destinos turísticos, como um dos 10 destinos a se tornarem referência no Brasil, na categoria turismo cultural. A ONU – no programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), governo francês, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turismo escolhem Paraty para sediar um projeto piloto de turismo sustentável “Passaporte Verde” – referência para o mundo;
2009 – Com a candidatura – “Caminho do Ouro em Paraty e sua paisagem” chega na última etapa da avaliação, mas é rejeitada;
2012 – Paraty é reconhecida na abertura da Rio+20 como referência da Campanha Global Passaporte Verde;
2018 – Paraty é reconhecida como Cidade Criativa na Gastronomia, pela Unesco;
Paraty e Ilha Grande Patrimônio Mundial
Em 2019, finalmente Paraty-RJ foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade. É a primeira vez que um local é declarado patrimônio misto – cultural e natural – na América do Sul. O reconhecimento se estende à Ilha Grande e uma extensa área preservada da Mata Atlântica na Serra da Bocaina.
A decisão ocorreu na 43ª Reunião do Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco, realizada na sexta-feira, 5, em Baku, capital do Azerbaijão.