Festival OBS – Nega Pisô
Com empolgante batuque de “cocos que caem dos pés, de balanço das mãos”, o grupo Nega Pisô chegou reverenciando essa cultura, com respeito, amor, instiga, pedindo licença aos mestres e às mestras que deixaram o legado dessa cultura popular brasileira, marcando a segunda edição do Festival OBS – Cultura e Biodiversidade, dedicada aos produtos culturais, artísticos, artesanais, agrícolas, turísticos de base comunitária e industriais de Angra dos Reis e Paraty, em 12 de março, com transmissão ao vivo nesta página e no canal Flitoral -Youtube.
O evento foi iniciado com a entrega da Cesta OBS – Cultura e Biodiversidade a Amaury Barbosa, sorteado na edição de abertura (05/03), durante o show de Karina Braz. Amaury Barbosa fez uma retrospectiva do processo que pleiteava o título de Paraty Patrimônio Mundial, iniciado em 1983 com Tom Maia e Teresa Maia, como informou. Ele se disse feliz em ter ganhado a Cesta OBS, composta de produtos locais artesanais, livros e uma unidade da cerveja especial Patrimônio (da Cervejaria artesanal Caborê, com abacaxi e raiz de lírio do brejo (utilização de plantas não convencionais – pancs, selecionadas pelo forrageiro Jorge Ferreira) produzida em 2020 para homenagear o reconhecimento do título Paraty e Ilha Grande Patrimônio da Mundial – Cultura e Biodiversidade. Os sorteados com a Cesta OBS-cultura e Biodiversidades durante o show do Nega Pisô foram: Cesta de Paraty: Natália Goulart; Cesta de Angra: Marcos Rodrigues. Para participar dos sorteios, inscreva-se no canal Flitoral-Youtube e deixe nos comentários a seguinte frase: Eu quero concorrer a uma cesta OBS – Cultura e biodiversidade.
O Festival ‘OBS – Cultura e Biodiversidade tem subsídio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural.
Experiências e Vivências
Amaury Barbosa Disse que,além das iniciativas de Tom e Teresa Maia, em 2000, no último programa da Eco TV houve um debate sobre Paraty Patrimônio da Humanidade e a conversa deu frutos no ano seguinte, já com o novo prefeito, José Cláudio, que resgatou esse trabalho e o convidou para ser coordenador do Comitê pro-UNESCO; em 2009 o dossiê foi apresentado em Sevilha e dado como incompleto; Foi reapresentado em 2011,2012, 2014, tendo sido repetidas as as exigências, a comissão pedindo mais dados; em 2019 finalmente veio o reconhecimento internacional.
Para Amaury Barbosa, o título de Patrimônio Mundial (sítio misto) foi um trabalho construído por várias mãos, parabenizou a todos que participaram, desde as comunidades (que traduzem essa conquista), as instituições, os órgãos que refizeram a composição do grupo para conseguir o sucesso, representados ali na Cesta e no programa OBS, valores que nasceram com Comamp, Fórum DLIS, Agenda 21 de Paraty. Isso é uma parte pequena parte de cada um que colaborou, agradeço à cerveja especial em homenagem ao título, ao trabalho de muita gente e, especialmente, às Comunidades Tradicionais, que representam esta conquista”, concluiu.
Observou ainda que se sente mais forte e que “através dos alimentos a gente se conecta a pessoas” e que o objetivo do produtor familiar não é só vender, lucrar, porque, mais do que isso, é fazer amizades, abraçar, ajudar, “quando compram um o nosso tempero, quando divulgam o nosso trabalho através do OBS, ajudam a gente ajudar outras pessoas; a gente não fala que vende, a gente fala que troca, nossa missão’ complementou, ressaltando a Feira do Agricultor com apoio de produtores de Angra, do Perequê (Mambucaba) ajudando a manter a diversidade da região.
Angeli do Tempero Agradeceu a todos pela honra de estar ali mais uma vez, observando que com a pandemia o trabalho através do Núcleo de Paraty e do OBS não os deixaram no esquecimento devido à grande divulgação dos produtos. Pediu desculpas por não ter participado do programa de abertura. Falou da diversidade seus temperos especiais, utilizando entre outro ingredientes o açafrão da terra, com qualidade para saúde, sem agrotóxicos ou conservantes e agilizando, a vida de mulheres empoderadas, empreendedoras”.
Eliane
Viana representante da Associação de
Produtores Rurais de Mambucaba, falaou sobre a participação dos produtores no
programa OBS. Disse que é uma associação que com mais de 40 anos de
existência e que nos últimos dez anos, hoje com 45 sócios, boa parte de
artesãos com trabalho de reciclagem para confecção de bolsas de supermercado, artesãos do campo que não
mais cultivam, mas gostam de trabalhar com as coisas da terra, como a cesta
feita por uma senhorinha, avó de um feirante que faz um trabalho com flores;
produtores orgânicos, com produtos naturais, como a banana-passa desidratada,
palmito sete cortes em natura, farinha de mandioca, suspiros, queijo fresco e curado,
cocada, tapioca, etc. ressaltou que estão imprimindo esforços, se capacitando,
preparando produtos para comercialização.
Agradeceu a visibilidade que recebem com o programa OBS, a toda a equipe de produção, especialmente ao Domingos Oliveira. Disse que pessoas novas estão chegando, agregando valor à Associação, que fica na rua Francisco Magalhães de Castro, Parque Mambucaba e, aos sábados, estão na Feira do Produtor Rural, em Paraty.
Show do Nega Pisô
Com muito batuque, canto e balanço o Nega Pisô foi chegando nessa pisada forte no palco do festival OBS Cultura e biodiversidade, descendo com sua poesia musical as serras, rios e mares de toda a geografia de Paraty revelando a força do coco de roda nascido nos engenhos de açúcar do Nordeste e irradiando-se por todo o território brasileiro e, agora, na Costa Verde com esse lindo coletivo de mulheres batuqueiras, Nega Pisô, formado por Claudia Ribeiro, Fernanda Echuya, Marília Silva e Débora Saraiva, com participação da flautista e arranjadora Carol d’Ávila.
Cláudia Ribeiro (fundadora do grupo, junto com Fernanda Echuya) Descreveu em sua cantoria esse chão que é dos indígenas, caiçaras, quilombolas e do povo da terra; enalteceu o povo da Cajaíba numa canção em parceria com Babi Grace, em homenagem a comunidade Praia Grande da Cajaíba. Homenageou as mulheres, “salve salve águas e a força feminina neste mês de março, mês da mulher, que sempre todos os dias, salve dona Aurinha, Bete de Oxum, Selma do Coco, Glorinha do Coco, Odete de Pilar, Mestra Ana, Mestra Penha, Dona Zefinha da Muriçoca, Vó Nera, Dona Cilado , Martinha do Coco, Mãe Nadia, Mestra Joana Cavalcanti, salve todas as mulheres que fazem e resistem a cultura do nosso país nos dias de hoje, força, dona Guadalupe do Caixa d’Aço (homenageada por um Einar Antônio de Andrade, no chat)
O show do Nega Pisô foi recheado de versos musicais com a voz do pertencimento e a exuberância de sons e toda a força da natureza:
“na Praia Grande do Povo na Cajaíba”;
“essa chuva fininha parece coco ralado / docinho feito mel / essa chuva é de mentira / essa chuva é de caô / essa chuva tá molhando / tá não senhor / …
Encerrando, Cláudia Ribeiro sobre o objetivo do evento, de fortalecimento dos negócios locais e da região, dos cuidados necessários para proteção coletiva na pandemia proteja com o uso de máscaras, álcool em gel e o distanciamento social, “vamos nos reinventando e nos encontrando como podemos, com essa alegria que vimos, viemos com uma pisada forte do Nega Pisô para espantar tudo o que nos espanta, espantar as tristezas, trazer fé e esperança, alegria vitalidade saúde, e que a gente possa em breve brindar os nossos queridos, as nossas queridas a vida a existência. E por que não brindar com a Gabriela?” -nome da música em homenagem a essa bebida:
…“tava na rua e senti um cheirinho de canela / eu sei eu sei eu sei eu sei / tu tá tomando Gabriela / onde tu tá? / não tá aqui / só pode estar em Paraty /…
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