Villa de Paraty – 357 Anos

Depois do ciclo do ouro, da cachaça e do café, atualmente, em pleno auge do ciclo do turismo, com os títulos de cidade referência em Turismo Sustentável pela Global Passaporte Verde PNUMA, na Rio +20, Cidade Criativa pela Gastronomia, em 2018 e Patrimônio Mundial pela Unesco, em 2019.
Paraty comemora no dia 28 de fevereiro os 357 anos de emancipação política da Villa de Nossa Senhora dos Remédios de Parati, com o desafio de se consolidar como um destino da Cultura e Biodiversidade.



Breve histórico

No século XVI, quando os primeiros europeus chegaram à região de Paraty, esta era habitada pela tribo tupi dos Tamóios e Gaiana . Nos primeiros anos do século XVI, os portugueses já conheciam a trilha aberta pelos Guaianás (Trilha dos Goianás), ligando as praias de Paraty ao vale do Paraíba, para lá da Serra do Mar. O primeiro registro escrito sobre a região da atual Paraty é o livro do alemão Hans Staden, “História verdadeira e descrição de um país de selvagens…” (Marburgo, 1557), que narra a sua estadia em “1548”, por quase um ano, em aldeias Tupinambás, nas regiões de Paraty e de Angra dos Reis. Um outro relato do século XVI foi escrito por Anthony Knivet, corsário inglês da tripulação de Thomas Cavendish, que esteve em Paraty em 1596 e teria subido pela trilha dos Goianás, junto com 700 portugueses e 2000 índios. Veio em companhia de Martim Correia de Sá, que o havia aprisionado e feito cativo.

Em 1660, Salvador Correia de Sá, filho de Martim Correia e governador do Rio de Janeiro, mandou “abrir e descobrir” a estrada para o interior, por onde seu pai havia passado algumas décadas atrás em companhia do inglês Knivet. Por esta época, o caminho de Paraty já era reconhecido como a melhor maneira de se chegar do Rio de Janeiro a São Paulo. Do Rio, os viajantes seguiam por terra até o porto de Sepetiba e daí aproveitavam o mar protegido pela Restinga de Marambaia e da Baía da Ilha Grande, onde aportavam e subiam a Serra do Mar por Paraty, fugindo da perigosa viagem marítima por mar aberto e da escabrosa subida que ligava o litoral de Santos e São Vicente a Piratininga (São Paulo).

Emancipação política

A partir de 1664 várias comunidades se registraram entre os moradores, visando tornar a povoação independente da vizinha Angra dos Reis, o que veio a ocorrer em 1660, como fruto da revolta liderada por Domingos Gonçalves de Abreu, vindo o povoado a ser alçado à categoria de vila. Este ato de comunidade foi reconhecido por Afonso V de Portugal, que, por Carta Régia de 28 de fevereiro de 1667, ratificou o ato, dando-lhe o nome de “Villa de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty”.

Ciclo do Ouro e da Cachaça

Com a descoberta de ouro pelos paulistas na Capitania de São Vicente (na atual região de Minas Gerais), a dinâmica de Paraty ganhou novo impulso, já que a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro por esse motivo. Em 1702, o governador da capitania do Rio de Janeiro determinou que as mercadorias somente poderiam ingressar na Colônia pela cidade do Rio de Janeiro, e daí tomar o rumo de Paraty, de onde seguiriam para as Minas Gerais pela antiga trilha indígena, agora pavimentada com pedras irregulares, que passou a ser conhecida por Caminho do Ouro.

A proibição do transporte de ouro pela estrada de Paraty, a partir de 1710, fez os seus habitantes se rebelarem. A medida foi revogada, mas depois restabelecida. Este fato, mas principalmente a abertura do chamado Caminho Novo, ligando diretamente o Rio de Janeiro às Minas, tiveram como consequência a diminuição do movimento na vila.

A partir do século XVII registra-se o incremento no cultivo de cana-de-açúcar e a produção de aguardente. No século XVIII o número de engenhos ascendia a 250, registrando-se, em 1820, 150 destilarias em atividade. A produção era tão elevada que a expressão “Parati” passou a ser sinônimo de cachaça, produção artesanal que perdura até aos nossos dias.

O século XIX e o ciclo do café

Para burlar a proibição ao tráfico de escravos decretada pelo regente Padre Diogo Antônio Feijó, o desembarque de africanos passa a ser feito em Paraty. As rotas, por onde antes circulava o ouro, passaram então a ser usadas para o tráfico e para o escoamento da produção cafeeira do vale do Paraíba, que então se iniciava.
À época do Segundo Reinado, um Decreto-lei de 1844, do imperador Pedro II do Brasil, elevou a antiga vila a cidade. Com a chegada da ferrovia a Barra do Piraí (1864) a produção passou a ser escoada por ela, condenando Paraty a um longo período de decadência.

O ciclo do turismo

A cidade e o seu patrimônio foram preservados e reconhecidos como Patrimônio brasileiro, sendo o núcleo urbano colonial e seu conjunto arquitetônico acautelados pela legislação federal de proteção do patrimônio cultural – lei de tombamento, e redescobertos em 1964, com a reabertura da estrada que a ligava ao estado de São Paulo – a Paraty-Cunha -, vindo a constituir-se em um polo de atração turística. Desse modo, em 1958, o conjunto histórico de Paraty foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O movimento turístico intensificou-se com a abertura da Rio-Santos (BR-101) em 1973.
Em 2012 Paraty é reconhecida como referência em turismo sustentável na Rio+20 pela Global Passaporte Verde – PNUMA, Como Cidade Criativa pela Gastronomia, em 2018 e Patrimônio Mundial – Cultura e Biodiversidade Sustentável, pela UNESCO

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