Encontro internacional realizado em Agadir, litoral sul do Marrocos de 11 a 13 de setembro de 2017. Com a participação de Betsan Martin, Adrian Macey, Pinky Cupino e Isis de Palma, membros da rede Internacional Aliança de Responsabilidades para Sociedades Sustentáveis. Isis de Palma faz parte do conselho de planejamento e gestão do Núcleo de Mídias Artes e Tecnologias e é membro da Agenda 21 de Paraty.
O primeiro encontro Climate Chance ocorreu no ano passado em setembro de 2016 em Nantes na França e o segundo encontro do Impacto Climático, foi realizado em Agadir, Marrocos, de 11 a 13 de setembro de 2017, organizado conjuntamente pela Região de Souss Massa e a Associação Climate Chance. Tais encontros internacionais da sociedade civil, tem por objetivo a implementação do acordo de Paris contra as mudanças do clima assinado por governos de mais de 170 países durantes a COP21 em Paris em dezembro de 2015. Os encontros chamados Chance para o Clima destacam o papel dos atores não estatais.
A cúpula de 2017 em Agadir no Marrocos teve cinco mil (5000) participantes de mais de 80 países que se mobilizaram para a ação contra as mudanças do clima.
A Aliança Internacional de Responsabilidades para Sociedades Sustentáveis apresentou em Agadir duas oficinas, uma sobre Educação e Responsabilidade Climática por Pinky Cupino, das Filipinas e Isis de Palma do Brasil, e o outra sobre Água e Mudanças Climáticas por Betsan Martin e Adrian Macey da Nova Zelândia.
Na oficina de Educação apresentamos a proposta de um programa sobre educação climática em Paraty, envolvendo formação de professores e buscando incluir estudantes e a comunidade. Foi apresentado o vídeo Clima e Responsabilidades produzido pelo Núcleo de Mídias Artes e Tecnologias e dois projetos da Agenda 21 de Paraty – Carbono Compensado LEPAC e o PROVE – Campanha Não Jogue Seu Óleo pelo Ralo com destaque para um dos importantes resultados dessa campanha que é o Sabão Brilho. Tais projetos da Agenda 21 de Paraty estão sendo incluídos no Fórum Internacional de Cultura Soluções para Acelerar a Transição e poderão servir de exemplo para outras regiões do planeta.
Embora as COPs continuem a ser negociadas pelos Estados, a COP22 realizada em Marraquexe, Marrocos, em 2016 deu um grande impulso ao papel dos atores não estatais. Patricia Espinosa, Secretária Geral de Mudanças Climáticas da ONU (UNFCCC) falou no plenário de abertura, assim como o embaixador do clima de Fiji, Deo Saran, representante da Presidência da COP23. Enquanto alguns países, como o Reino Unido, a França e a Costa Rica, já estabeleceram políticas e leis para as mudanças climáticas, após a vitória de Donald Trump, os E.U. anunciam a sua retirada do acordo de Paris. Por outro lado, em Agadir foi anunciado que o próximo encontro Climate Change será em São Francisco na Califórnia. Isso nos faz concluir que a sociedade civil nos Estados Unidos está reagindo e se organizando a favor do clima, apesar das atitudes anti-ambientalistas do presidente eleito daquele país, o maior emissor de carbono e, portanto, o maior responsável.
Destacou-se no encontro a urgência de se mitigar as consequências dos gases de efeito estufa e de se intensificar o uso de energias renováveis. Para a sobrevivência da vida no planeta e cumprindo o acordo de Paris é fundamental zerar as emissões de carbono até 2050.
Na plenária final do encontro de Agadir houve um destaque para o papel da agricultura na adaptação às mudanças climáticas. Os conceitos de agricultura orgânica com uso de novas tecnologias, como os satélites, e a importância da agricultura familiar foram reconhecidos como fundamentais.
Ressaltou-se também a necessidade de planejamento urbano tendo em conta a importância estratégica da qualidade do ar e a diminuição dos ruídos urbanos para o aumento da qualidade de vida e melhoria da saúde das pessoas.
Houve um reconhecimento da necessidade de inclusão da participação das mulheres e dos jovens nas tomadas de decisões e implementação de programas de políticas públicas.
Nas palavras dos seus organizadores o encontro de Agadir foi um encontro de esperança para acelerar a transformação global a favor do acordo do clima. Hakima El Haite, ex ministra do ambiente do Marrocos, importante negociadora na ocasião da COP21 em Paris destacou a responsabilidade de cada um, em todos os níveis, em democratizar as informações sobre as mudanças climáticas. Haite conclui dizendo que a quarta revolução é o conhecimento e precisamos agora agir com a máxima urgência para a transformação global. O nosso quotidiano está ameaçado e natureza não pode ser negociada.
Isis de Palma,
Educomunicadora, conselheira do Núcleo de Mídias Artes e Tecnologias, setembro de 2017