Homenageando o título Paraty e Ilha Grande Patrimônio Mundial – Cultura e Biodiversidade foi dada a largada do Festival Festival ‘OBS – Cultura e Biodiversidade(05/03) com o Show de Karina Braz e Banda, iniciando o processo de retomada das atividades culturais integradas à economia criativa das comunidades da Costa Verde neste momento de pandemia. Acompanhada de sua banda, Karina Braz fez uma impecável e poética apresentação musical. O canal Flitoral Youtube alcançou 1 mil assinaturas nesse dia e Amaury Barbosa foi o sorteado da primeira Cesta OBS – Cultura e Biodiversidade.
A primeira edição do Festival OBS – Cultura e Biodiversidade – que tem como objetivo potencializar a participação direta dos produtores culturais, artistas, artesãos, músicos e produtores rurais nesse processo, foi apresentado pela jornalista Lia Capovilla, proporcionou uma ressurgência das memórias do programa O Básico da Sexta, da cantora e compositora Karina Braz, da Secretaria Municipal de Cultura e de produtores rurais, da agricultura familiar e orgânica.
Participações
O secretário Municipal de Cultura de Paraty, José Sérgio Barros que vem apoiando as iniciativas e levando à frente todo o processo de editais da Lei Aldir Blanc, bem como impulsionando o trabalho do Conselho Municipal de Cultura apresentou um panorama sobre o recebimento do título Paraty Patrimônio da Humanidade e da Carta de Compromissos que Paraty precisa realizar. Parabenizou a iniciativa do jornal Flitoral e o movimento cultural no estado pela Lei Aldir Blanc, com a qual Paraty teve grande número de contemplados. Falou das ações e da garantia da valorização, preservação e o desenvolvimento da cultura, da biodiversidade, envolvendo o patrimônio material e imaterial e toda a riqueza natural que compõe o sítio misto de Paraty.
Disse que saberes e fazeres e a transmissão, de geração a geração, da preservação do patrimônio material, junto com trabalhos de regulamentação, ordenamento, manutenção de todos os espaços, bem como a questão do desenvolvimento econômico, ajudaram a criar ferramentas de sustentabilidade para que possam continuar avançando e perpetuando toda a riqueza cultural e natural da cidade e o bem estar da população. Enfatizou que existem diversas outras ações sobre o meio ambiente, mas que também estão sendo desenvolvidas através do trabalho que inicia pela cultura, principalmente dentro das comunidades, ações diretas na ponta, coordenado através do gabinete do executivo, coordenação geral que envolve todas as pastas, mas especialmente Cultura e Meio Ambiente.
José Rodrigues (José do Mel) apicultor – Falou da importância das abelhas nativas e da abelha exótica, que foi trazida para o Brasil em meados de 1800, apis melífera, daí o termo apicultura. Também deu ênfase ao seu trabalho em Pedras Azuis que, além da apicultura tem um meliponário, cultiva uma diversidade de abelhas nativas, pacíficas que se consegue manipular sem a necessidade de equipamentos, que têm o ferrão atrofiado, como guaraipu, mandaçaia, jataí (bastante conhecida), manduri, uruçu amarela, borá, e a apis melífera, das quais colocou o mel na cesta básica do sorteio.
Falando de ancestralidade, comentou que a cerimônia do batismo do milho dos guaranis é composta por quatro produtos, sendo um deles o mel, mas, necessariamente, mel manduri ou jataí. Observou que o mel e o própolis são elementos de imunização, muito utilizados, especialmente nesse período da pandemia, quando a procura aumentou significativamente. Disse ainda que por ignorância ou despreparo das pessoas essa cultura caiu no esquecimento, mas que um resgate dessa cultura nos últimos cinco anos buscando nas comunidades indígenas, nos sertões do Brasil aquelas pessoas que ainda conhecem, que ainda manipulam e que sustentaram a produção do mel da abelha nativa.
Morena dos Doces (Produtora Rural) – Trabalha com agricultura familiar e há cinco anos produz: picles de maxixe, geleia de pimenta, conserva de pimenta orgânica, antepasto de biomassa e casca da banana verde, que fazem parte da cesta. Para ela, o programa OBS ajuda na divulgação e apoia os agricultures familiares.
Jéssica Samessima – Trabalha com cosméticos naturais. Disse que todos os insumos são nacionais, valorizando o que o Brasil tem de bom, mostrou o condicionador em barra, que rende até duas vezes mais do que o tradicional e é biodegradável, não polui rios, mares, é trabalhado com óleo de pracaxi e maracujá, sempre valorizando os insumos dos biomas nacionais: Mata Atlântica e Mata Amazônica, Cerrado…
Murilo Monticelli,da Cervejaria Caboré (artesanal), falou que, apesar de ser a primeira vez, a Cervejaria já participa do OBS e está em atividade há 15 anosCom a ideia homenagear Paraty e Angra dos Reis pelo título de Patrimônio Mundial há dois anos começou a elaborar junto com Jorge Ferreira (forrageiro) um conjunto de mistura clássica (cerveja de Angra dos Reis) com plantas não convencionais (Pancs), uma delas leva o nome de Patrimônio, com produtos da região.
Observou que no primeiro ano (2019) fez com a mistura clássica e mangustão; no segundo, 2020, usou abacaxi com raiz de lírio do brejo (uma cerveja estilo sour, mais ácida) Ressaltou a meta de todo ano lançar no Festival Gastronômico de Paraty uma novidade, com produtos da região, da mata nativa ou de agricultura de subsistência, que possa agregar, ser inserido na cerveja.
Karina Braz se disse feliz, honrada e emocionada de estar ali, por se sentir um fruto deste projeto (OBS), iniciado em 2016, onde se apresentou pela primeira vez e impulsionou sua carreira musical. E, agora, cinco anos depois, coloca na cesta OBS o seu trabalho autoral, que fala das suas raízes, o CD Maré Cheia .
O Festival OBS – Cultura e Biodiversidade é subsidiado pelo Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc.
Paratiense, a cantora e compositora Karina Braz trabalha com música desde os 15 anos, mas o seu empoderamento com a música, a sua grande virada como artista, segundo ela mesma, aconteceu em 2016 ao ser convidada para participar do projeto piloto do programa ‘O Básico da Sexta’, no Núcleo Paraty, onde apresentou cirandas com histórias do seu bisavô; em seguida, para abertura da OffFlip; e, logo após, para o trabalho Itinerante da Agenda 21, chamado ‘A marca do nosso destino‘, com circulação pelas comunidades do município.
A partir daí, abraçou definitivamente o pertencimento da sua arte musical caiçara, e não mais parou.
Agora Karina Braz é convidada para abertura do ‘Festival OBS – Cultura e Biodiversidade’.