Carlos Fernando S. Andrade
Andava eu biólogo aposentado remoendo essa novidade que seria um novo tipo de vida, de uma terceira forma de vida, a Vida 3.0 que hoje nos ameaça… Caramba! Já fazem mais 4 bilhões de anos que surgiu a vida 1.0 típica de coisinhas simples que não eram ainda nem planta e nem bicho (eram quase bactérias!). Depois, já fazem mais de 300 mil anos que vem a vida 2.0 com animais inteligentes que falam, fazem desenhos, pinturas e escrevem, em macacos de poucos pelos e telencéfalo mais desenvolvido que tem o pensamento abstrato, a memória, a cognição, a arte, a música, a paixão e o amor… E agora a tal inteligência artificial e vida 3.0? Justo agora?
Vamos com calma! E alguns amigos me ajudaram dizendo que o Prof. Miguel Nicolelis já tinha feito uma live no Youtube explicando que a IA nem era inteligente e nem era artificial. Fui correndo ver a live do Prof. e ele diz que “Não é artificial porque é criada por nós, é natural”. Não convenceu. Uma samambaia de plástico em consultório de dentista criada por nós certamente não é natural. Não! Peito de silicone, bronzeamento com lâmpada, Ki-suco de framboesa, touro mecânico, peruca de ministro, soja transgênica etc. não são naturais! E nem é natural o exoesqueleto movido por sinais cerebrais que a equipe dele desenvolveu para permitir ao paraplégico Juliano Pinto de 29 anos chutar a bola na abertura da copa de 2014 na Arena Corinthians[1]. Nicolelis é fera! é pioneiro na pesquisa em interface cérebro-máquina, tecnologia que permite a captação das dinâmicas cerebrais em computador, é fundador e diretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University, nos Estados Unidos, e do Instituto Internacional de Neurociências em Natal, RN[2]. Mas não me convenceu!
Vamos ver se a IA é inteligente ou não. Nicolelis diz que não! Alegando a definição clássica da ciência que diz que inteligência é propriedade emergente dos seres vivos e da sua interação com o ambiente e com outros seres vivos. Pela definição clássica, ele tem razão. Eu arrisco perguntar para a IA o que ela acha disso, e vou ao ChatGPT e mando lá: “É a Inteligência Artificial realmente inteligente?”
Se esse ChatGPT não é inteligente ele é bem malandro pois respondeu que: “Ser a I.A. inteligente depende de como você define inteligência”. Gostei da resposta pois vai mais além explicando que: “Os sistemas de IA, especialmente aqueles baseados na aprendizagem de máquina e na aprendizagem profunda, demonstraram capacidades notáveis em tarefas específicas. Por exemplo, a IA pode se destacar no reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural, jogos complexos e muito mais. Esses sistemas podem analisar grandes conjuntos de dados, identificar padrões e fazer previsões ou decisões com base em seu treinamento.”
De fato uma resposta malandra, pois entendo que o chatGPT está me dizendo que se a IA consegue fazer essas coisas todas é muito fácil um humano dar a ela o diploma de inteligente. E aí o ChatGPT baixa a guarda e nos dá a chance do argumento contrário, pois explica que: “No entanto, é importante notar que a IA não possui inteligência geral ou consciência como os humanos. A IA carece de autoconsciência, raciocínio de bom senso e capacidade de compreender o mundo da maneira diferenciada e adaptativa que os humanos fazem. Os sistemas de IA estão limitados às tarefas para as quais foram concebidos ou treinados e podem ter dificuldades em situações desconhecidas ou ambíguas.” Gostei!
Na resposta do chatGPT tem detalhes a serem melhor avaliados e dois deles são a tal ‘aprendizagem de máquina’ e ‘aprendizagem profunda’.
A IA que temos hoje é ainda fraca. Os especialistas clasificam assim mesmo.
IA forte: corresponderia a uma ‘mente’ que é genuinamente inteligente e autoconsciente (envolve a construção de máquinas e softwares que teriam a capacidade de igualar o comportamento humano inteligente, programas que experimentam senciência ou consciência). Não chegamos lá ainda.
IA fraca: sistemas que exibem comportamentos inteligentes, apesar de serem meros computadores e softwares. São sistemas que foram treinados para a execução de tarefas específicas. Por exemplo para conversar com as pessoas como os chatbot (ex. Zenvia; ManyChat; Botsify; Chatfuel; MobileMonkey; Sequel; Bluelab e Blip). Ou sistemas para criar imagens e vídeos (ex. Elementor AI; Canva; Midjourney; DALL-E; Stable Diffusion; Fotor e NightCafe). Ou ainda para se fazer pesquisas on-line; compras por voz ou pedir para escutar uma música (ex. o Siri daApple, a Cortana doWindows, o Google Assistente ou a Alexa da Amazon).
Nas pessoas pode-se aplicar o teste de QI (Quociente de Inteligência) e dar uma nota à inteligência pela Escala Wechsler. Uma criança de seis anos na primeira série tem QI médio de 55. Gênios e superdotados estão lá na faixa de 130 a 144.Não se deve aplicar o teste de QI nesses sistemas e softwares! Fizeram isso em 2017[3], mas nem compensa discutir, pois já evoluíram muito, ‘aprendem’ muito rápido quanto mais são consultados.
Para os humanos, os estudos de Howard Gardner na década de ‘80 definiram bem 7 tipos de inteligências: Lógico-Matemática, Linguística, Interpessoal, Intrapessoal, Físico-Cinestésica, Espacial e Musical. Alguns anos após foram adicionados mais 2 tipos: a inteligência Naturalista e a Existencial. As máquinas chegarão lá?
Hoje as máquinas fazem bem o que chamam de IA Generativa[4]. Geram! criam, compõem, elaboram. A IA generativa não é só uma “máquina criativa”, mas sim uma tecnologia que combina aprendizado de máquina avançado com os padrões e nuances encontrados em dados de treinamento para produzir conteúdo novo e relevante. Está aí a dúvida. Nicolelis diz que essa IA que anda por aí não cria nada. Ué…?! se produz alguma coisa que não existia, se cria conteúdo original e autêntico, uma imagem, um soneto, um som de piano, um vídeo, então cria!
O ChatGPT, o DALL-E e o Midjourney entre outras podem realizar diversas tarefas sem a necessidade de um treinamento específico, e são considerados por alguns como avançados demais para serem classificados como um sistema de IA fraca (limitada). Ok, mas ainda não são fortes, certo?! Mas isso é assunto para outras reflexões.
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