O INPI anunciou uma mudança no registro da Indicação Geográfica (IG) da cachaça de Paraty, que passou de Indicação de Procedência (IP) para Denominação de Origem (DO). Esta alteração mantém as 120 IGs registradas, agora distribuídas entre 85 Indicações de Procedência (nacionais) e 35 Denominações de Origem (26 nacionais e nove estrangeiras).
A mudança foi baseada em fatores naturais, como o relevo da Serra do Mar, clima e solo, e em práticas tradicionais dos produtores locais, como o cultivo manual da cana-de-açúcar e métodos de destilação lentos. Esses elementos conferem à aguardente de Paraty características sensoriais únicas, como uma agradável sensação alcoólica e sabores básicos de doce.
Conquista histórica
Lúcio Gama (Presidente da Apacap) – Estamos celebrando o reconhecimento da Denominação de Origem da cachaça de Paraty, resultado de um árduo trabalho de quase 30 anos. Iniciando com a busca por melhorias nos engenhos, o processo evoluiu com a criação do Fórum DLIS, no qual as propostas foram apresentadas e discutidas. Com o apoio do Ministério da Agricultura e do Sebrae, avançamos no reconhecimento da Indicação de Procedência. Aprofundamos nossas pesquisas sobre o solo e clima de Paraty, culminando no reconhecimento da primeira Denominação de Origem de destilados do Brasil. A contribuição do Fórum DLIS Agenda 21 foi fundamental nesse processo de melhoria da cachaça, que teve início quase três décadas atrás.
Celso Merola (Auditor Fiscal Agropecuário do Ministério da Agricultura) – Descreve a trajetória da qualificação da cachaça de Paraty, iniciada por volta de 2003 com o apoio do Sebrae, do Fórum DLIS e outros colaboradores. Este esforço envolveu a melhoria da qualidade e das normas em todos os estágios de produção, incluindo fermentação, destilação e envelhecimento, com a ajuda crucial de Maria Auxiliadora do Sebrae-Paraty.
Com a criação da Coordenação de Indicação Geográfica do Ministério da Agricultura, houve um reconhecimento do potencial de Paraty para uma Indicação Geográfica (IG). O apoio do Sebrae e de Auxiliadora foi essencial para envolver os produtores e fortalecer a associação local, Apacap. O processo culminou na aprovação da Indicação de Procedência para a Cachaça de Paraty.
Posteriormente, foi buscada a Indicação de Procedência da tradição da produção da cachaça e, ainda mais qualificadamente, uma Denominação de Origem, que envolveu análises na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Embrapa e na Escola Superior de Agricultura da USP. O sucesso desse processo foi atribuído principalmente ao engajamento dos produtores.