V – ‘Mata Atlântica – Tempo de Regeneração’
Sílvio Veloso – Flora Paraty
Sílvio Veloso – O ambientalista e idealizador do vídeo documentário ‘Queimada na Mata Atlântica’, Sílvio Veloso, disse que da maravilha da Mata Atlântica, temos que falar da sua restauração e recuperação, não mais na preservação, pois agora precisa ser recuperada, e que o meio mais efetivo é a sua autorregeneração. E isso, afirmou, acontece de forma simples, “é só não deixar pegar fogo, pois não existe razão econômica para isso, então, temos que focar e evitar queimadas”. Por esta razão, ressalta, é que realizaram o projeto de arborização dos acostamentos da rodovia Rio-Santos, o que interrompeu o fogo nestes locais, proporcionando a autorrecuperação ao longo da estrada e em outras áreas do município, “porque acabou a função econômica de produzir na roça, como era antigamente, no cabo seco, na foice, na enxada, isso acabou”, mencionando a produção com o agronegócio Brasil acima, “que não funciona em Paraty”.
Salientou que deveriam existir medidas como: incentivo para o produtor que não queimou, mas para isso os técnicos precisam definir mecanismos; também uma espécie de punição progressiva para os proprietários das áreas que são queimadas e que hoje, com o georreferenciamento, pode-se advertir quem queimou pela primeira vez, que será penalizado na próxima, porque aí já se tem dados para fazer isso e, numa nova reincidência, aumenta-se a penalização sucessivamente até ficar impossível para esse produtor manter o manejo da sua área. Observou que algum dia, futuramente, é ele quem vai ganhar o dinheiro, se for vender a área, por isso é que tem que cuidar, “o proprietário tem que cuidar da área para que não queime”. Isso não acontece em locais “como nos túneis de Mangaratiba, na subida do Frade (Angra dos Reis), áreas nobres que queimam desde que existe a Rio-Santos”, afirmou.
Falando especificamente de Paraty, Veloso lembrou que nos 100 mil hectares de área do município devem ter aproximadamente 10 mil ha de Mata Atlântica em autorregeneração, nos diversos estágios, o que é algo a ser observado e um padrão para ser adotado para a Mata Atlântica, pois aqui não é mais produtivo agricolamente, “então vamos ajudar a mata a se autorregenerar; não tem quase nada de recursos necessários para isso e o pouco que tem, precisa render muito, como foi a arborização da Rio-Santos. Esse assunto vai se estendendo para as nascentes, o sequestro de carbono, para retenção de água no solo, uma série de vantagens, micro-organismos, fauna, flora… a tônica é evitar queimadas, é necessário evitar queimadas; o resultado vai ser a autorregeneração da mata”,