De acordo com a tese de Teodoro Isnard Ribeiro de Almeida, especialista em geologia e sensoriamento remoto, o mar recuou cerca de 125 metros em relação ao nível atual há aproximadamente 60.000 anos. Esse nível continuou a baixar até atingir seu mínimo há 25.000 anos, começando a subir novamente há cerca de 20.000 anos. Durante 5.000 anos, em Paraty, a linha que marcava 25 metros de profundidade passava pelo Parcel dos Meros, e a de 50 metros estava a cerca de 10 km além da Ilha Grande.
Analisando fontes como a pintura de J.B. Debret (Villa de Paraty, 1827) e a Carta Corográfica da Província do Rio de Janeiro (1858-1861), é possível concluir que a Terra Nova de Paraty ainda não existia nesses períodos. Porém, registros fotográficos de 1922 a 1961 documentam a formação da Terra Nova, como resultado do assoreamento da baía de Paraty.
Esse processo foi causado pelo desmatamento das bacias hidrográficas dos rios Perequê-Açu e Mateus Nunes, inicialmente motivado pela agricultura até a década de 1970, e, posteriormente, pela expansão urbana decorrente da abertura da rodovia Rio-Santos, que intensificou o turismo na cidade. Outros fatores, como a retificação dos rios durante o período de combate à malária e o despejo de esgoto, óleo de cozinha usado por restaurantes e óleo de embarcações sem o devido tratamento, também contribuíram para a impermeabilização da borda d’água, a formação da Terra Nova e o surgimento do manguezal.
Portanto, nos últimos 30 anos, a Terra Nova transformou-se em um pequeno manguezal, cuja origem não é natural, mas sim resultado das alterações ambientais causadas pela ação humana. Nos últimos 20 anos, tem sido alvo de constantes debates envolvendo o IPHAN, INEA, Associação de Moradores do Centro Histórico, a prefeitura e, atualmente, o CONDEMA, sem uma solução definitiva que contemple as questões ambientais e sociais. As discussões giram em torno de opções como a poda do mangue, a criação de um parque e a maneira de abordar as questões sociais das pessoas em situação de vulnerabilidade que frequentam o local.
A rapidez dessa transformação destaca o impacto direto das atividades humanas no ambiente, contrastando com a lenta evolução natural que normalmente molda a geografia de uma região. Isso também reforça a importância de debates sobre a gestão da área, já que mudanças tão rápidas podem ter consequências ecológicas e sociais complexas.
Conforme as apresentações do Prof. Sérgio Araújo e do Dr. Jorge Henrique Alves Prodanoff (UFRJ) no Fórum DLIS – Agenda 21, a enxurrada brusca de 10 de janeiro de 2009, classificada pelos órgãos competentes como desastre de grande porte, foi potencializada pela maré alta e pelo assoreamento dos rios e da baía de Paraty.
Fontes :
Mudanças climáticas – O “tempo” e o nível do mar
https://folhadolitoralcostaverde.com/mudancas-climaticas-o-tempo-e-o-nivel-do-mar/
Pdf com sequência de fótos da rua Fresca de 1922 a 1961
Apresentacao_rua-frescaDocumentação enviada pela Associação de Moradores do Centro Histórico.
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