O Rapaz, com aparência de 23 anos de idade, vinha da corrida matinal. Entrou pelo portão principal do prédio e foi direto para o elevador. E o seu Manuel Almeida, nascido no Município de Caicó — Região do Seridó, no Rio Grande do Norte, trabalha há vinte anos no mesmo local. Fechou o portão, com a mesma leveza de quem sabe o seu ofício.
A empregada doméstica, dona Maria da Conceição, nordestina do Ceará, diariamente passava por ali, e sempre encontrava Manuel Almeida, mas já não o via há quase uma semana. Quando perguntava por Manuel, a resposta era sempre a mesma: Ninguém sabe, ninguém viu.
Mas, de repente… um ser invisível a olhos nus e com uma força apocalíptica, parou o mundo com poder letal. Como por vingança aos insignificantes, colocou desempregados, moradores de rua, catadores de lixo, índios e tantos outros a terem os cuidados de quem tem visibilidade.
Mesmo a contragosto dos poderosos de plantão, os invisíveis têm agora conta bancária e até ‘CPF’.
O inimigo invisível é implacável! Para ele, não tem limites e nem fronteira. Por onde passa, há muito choro e ranger de dentes, além de mostrar a fragilidade do ser humano.
E por onde anda Manuel de Almeida, do Sertão de Caicó? Ninguém sabe, ninguém viu. Talvez esteja na terra em que nasceu. Lá ele é amigo do Rei, tem a mulher que quer, na cama que escolher. Ali não era feliz.
Ou quem sabe tenha virado estatística, também vítima do invisível?!
Evandro Luiz Sousa é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Hélio Alonso (Rio de Janeiro) (1980/1985) No final de 1986 retornou a Macapá sua terra de origem. Lá trabalhoui no Jornal Fronteira, e em seguida foi convidado para trabalhar na Rede Amazônica (TV Amapá) como repórter de rua.
Paralelamente ao trabalho da TV exerceu o cargo de Assessor de Comunicação Social na Legião Brasileira de Assistência – LBA. Também foi Assessor do Ministério Público do Amapá, Assessor de Comunicação da Assembleia Legislativa do Estado e presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amapá. É portador da doença de Parkinson e está aposentado há seis anos.
A partir de agora temos a honra de contar com o seu talento como colaborador nas fileiras do Flitoral Costa Verde, iniciando com uma coluna literária.