Para encerrar o Festival OBS – Cultura e Biodiversidade, o jornal Flitoral promoveu na sexta 26/03, 4ª edição, de com uma Feira Multicultural Digital – exposição dos produtos culturais, artísticos, artesanais, agrícolas, turísticos de base comunitária e industriais da região da Costa Verde, que compuseram as Cestas OBS sorteadas durante o Sarau poético-musical da programação, com apresentação de Lia Capovilla e participação de Thales Pançardes, Cagério, Plínio Secanechia, Julian Caiçara, Jeca Tátus e Chico Livino fazendo um homenagem aos 50 anos do Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Cestas OBS – Cultura e Biodiversidade
O Festival OBS – Cultura e Biodiversidade teve o objetivo de fortalecer os negócios e os produtores locais. Os sorteados da noite: Monisa Keffani e Danilo Medeji ganharam Cestas OBS, compostas por doces (Morena dos Doces), CD de Nethy Marques, CD dos Coroas Cirandeiros de Paraty, CD de Karina Braz, catálogo sobre o título de Paraty e Ilha Grande Patrimônio Mundial pela Cultura e Biodiversidade, o livro ‘A Universalidade da CEU’, farinha de mandioca do Penha, temperos (Angeli dos Temperos), melado de cana da Pedra Branca, cachaças Pedra Branca, cachaças Maria Isabel, mel da Chácara do Mel, banana-passa (Terra Ipê), a cesta (vasilhame) foi produzida pelas cesteiras de São Roque.
O Festival OBS – Cultura e Biodiversidade tem subsídio do Governo Federal, Governo do estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc de emergência Cultural.
Participações mais que especiais
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Passeando por xotes, reggae e outros ritmos, com desenvolto e marcante violão Thales Pançardes abriu a 4ª edição de do Festival OBS – Cultura e Biodiversidade, cantando a música que dá nome ao seu mais recente CD “Vida Bela” – “Vida bela, vida solta, vida show / não importa o lugar aonde vou / no deserto do Saara ou Moscou / Tudo certo, tudo em paz / eu sei que vou / buscar a felicidade”…
Em seguida, Cagério navegou com sua ode ao mar e ‘outras bossas’ – “O mar, tão lindo o mar / Guarda segredos e mistérios / Melhor não contar / O mar, insano mar / Leva os amores e os sonhos, pra não mais voltar…”, canção que faz parte de uma contação de histórias para adulto, de sua autoria, “O cantador e a estrela” – “O cantador contava estrelas / Sonhava vê-las na beira do mar…” e seguiu com os mistérios – “violeiro, batuqueiro / Difícil é saber qual a cor do brasileiro /…meu samba de fato, / tem um tom mulato / Misturado com caravelas e seres do mato”.
Julian Caiçara – Voz e violão caminhou pela temática voltada para as culturas tradicionais com influências da MPB, rock, rap e soul – “andei já caiçara / em que dá no Sono já / jogando uma pelada na praia / tomando um cafezinho de gará / com a enxada e chapéu de paia / planto flores nas calçadas… / Bailão em Tarituba / Fandango em Ubatuba / dança debaixo de chuva / casa amarela, pirão de peixe / dedilhado de viola / fonte que mata a sede / canoa no mar / robalo na rede….”
Plínio Tomaz Secanechia, acompanhado de Plínio Sérgio Secanechia (seu pai), desfilou marcantes canções poético-românticas do álbum ‘Fora dos Trilhos’, traduzidas em folk, rock e blues, inspiradas na magia de Paraty.
” Cais / esperando chegada / Eu disse vai / Não tenha hora marcada pra voltar / enquanto meus olhos brilham / Ainda é dia / E ao emarassar os cabelos / Me lembrar / Foi um mar revolto no meu rosto / Na areia da praia, / teu nome o que apagou / Tentei adivinhar / O que me enganou foi o mar / Vai / Sonhei um dia azul / Meu coração, / Quem te fez tão linda assim? / Tão linda / Tão linda “
Produtores e Agricultura Familiar orgânica
César Vieira, presidente da Associação de Produtores Orgânicos de Paraty, falou sobre a cesta básica agroecológica que contempla produtores quilombolas, tradicionais e orgânicos oferecidas ao músicos participantes do programa; a cesta foi composta de ovos caipira, banana, aipim, taioba, maxixe, palmito e molho de pimenta. Ele informou ainda que a associação disponibiliza produtos orgânicos para venda no box 8 do Mercado do Produtor Rural de Paraty, às quintas e sextas; e têm parceria com o Observatório e com a Prefeitura.
Vagno Martins (novo Secretário Adjunto de Agricultura) – Citando o titular da pasta, Márcio Alvarenga e Silvinho, Secretário Adjunto de Pesca, disse que o trabalho da Secretaria é fortalecer cada vez mais a agricultura familiar, a revitalização do Horto e do Mercado Municipal, convidando a todos, população e visitantes, para conhecerem o Mercado do Produtor Rural, onde encontrarão produtos como os da cesta apresentada por César Vieira.
Observou que a Secretaria está empenhada nesse processo e que Márcio Alvarenga e o Prefeito têm cobrado da equipe ações para o fortalecimento dessa agricultura e que, hoje, boa parte dessa produção é comercializada para a merenda escolar, através do PENAI, mas com a pandemia e a paralização das escolas, a compra foi suspensa, contudo, afirmou, já estão discutindo com a Procuradoria e Ministério Público, para encontrarem caminhos para não interromperem o fornecimento e, assim, garantirem a soberania alimentar para as crianças que estão em casa.
Desta maneira, ressaltou, as Secretarias de Educação e de Agricultura estão encontrando mecanismos para fornecerem cestas básicas às famílias dos estudantes. Acrescentou ainda que o seu papel é buscar parcerias com universidades, Fiocruz, Observatório, Embrapa. Acrescentou que o objetivo é unir grupos, sindicatos, cooperativas, universidades, instituições para fortalecer a agricultura familiar, sem esquecer dos planos já construídos pela Agenda 21, como o Plano de Governo das Comunidades, juntar essas forças e inserir na comercialização dos restaurantes, o Mapa do Gosto e que, para fortalecer os títulos de reconhecimento de Cidade Criativa pela Gastronomia e Patrimônio Mundial, é importante fortalecer a base de agricultores, que são os principais atores de tudo isso.
Performances de finalização
Encarnando o personagem Jeca Tátus, Domingos Oliveira comentou que a máscara também faz parte da Cesta OBS, em homenagem aos Grupo Arteatro e os Mascaradinhos, de Amaral Paraty e que “sem teatro e sem a arte, a vida é muito vulgar”, falou que Jeca Tátus é um personagem que ele tem psicografado nos últimos anos, vindo do Sertão do Nordeste brasileiro diretamente para o Sertão de Taquari. Agradeceu a toda a equipe de produção e citou Renato Padovani, Lia Capovilla, Carlos Dei Ribas, João Bosco Gomes, Juçara Braga.
Esclareceu que a performance é fruto de editoriais escritos ao longo dos 25 anos do Jornal Flitoral, proativo, multicultural e socioambiental, que persiste “na tecla das máquinas antigas”, buscando um sonho, a ilha da utopia Disse estar fantasiado com a fantasia da própria vida e que Jeca Tátus o representa como outros personagens. Falou que por adversidades, teve que abdicar do seu nome original, Euristácio; que ficou conhecido como Capitulino no Sertão do Taquari, depois assumiu o nome Domingos Oliveira, em homenagem a um louco da sua cidade e, agora, representava o “eu” de todos nós, “o eu perdido e achado em outros eus”, segundo Fernando Pessoa o “eu profundo e o profundo dos eus”.
A performance, acompanhada pelos músicos Mariano e Rodrigo, se iniciou com uma reflexão poético-musical da OffFlip de 2016, ‘Jaz Jazz, Jaz Off’, sobre o brutal assassinato de jovens paratienses, (do Brasil e do mundo), que continua, numa realidade de necro política – “vidas de jovens, ceifadas, seladas, caladas, cedo demais”.
E que, por essa razão, temos que nos organizar, trabalhando as comunidades, pois a salvação do país está nos guetos, nos presídios e nas comunidades periféricas, que precisam descer e abraçar as cidades; retomando o funcionamento dos Conselhos Municipais, o Orçamento Participativo, a Agenda 21 de Paraty – representada ali pela tenda Agenda 21/2030 resultante do esforço de muita gente que participou, construindo um Planejamento Estratégico para o município, com base nas dimensões ambientais, sociais, econômicas, políticas e culturais.
Chico Livino Iniciou sua performance musical, entoando umbelo lamento ecológico – “Abre os teus olhos e vê quanta vida foi pro chão / Na copa loura do Ipê / Hoje só brota cinza e carvão / Carece de olhos pra ler / Para aprender a lição / Que desce pelo igarapé / Que rega o teu coração…”
Agradeceu ao convite da participação, a todos e a Domingos Oliveira, refletiu sobre o momento difícil que vivemos com a pandemia, mas disse entender que isto é um sintoma de uma doença muito mais ampla na sociedade e que precisamos nos reaproximar do nosso berço, a natureza, para que possamos curar a sociedade, acreditando que por meio da arte possamos criar a ponte de conexão e, por isso, “estamos aqui para celebrar a vida”, especialmente com a música.
Livino encerrou com uma canção em homenagem aos 50 anos do Parque Nacional da Serra da Bocaina, para ele um dos maiores, senão o maior patrimônio da Mata Atlântica, o único Parque Nacional do país a contemplar todas as fisionomias da Mata Atlântica, desde os campos de altitude, acima de dois mil metros, em São José do Barreiro (SP), até o mar da Trindade, em Paraty, através de um passeio Geopoético (sua recente tese de mestrado, pela Unirio, utilizando a arte como ponte e forma de encantamento das belezas naturais), contando a história da Serra da Bocaina, passando pelo Pico do Tira Chapéu (ponto culminante), o Pico do Frade (mais destacado na paisagem), as Cachoeiras do Bracuí (quase 1000 metros de queda, em Angra dos Reis – ameaçada por um projeto de pequena central hidrelétrica), Cachoeira do Veado – Santo Isidro. Acrescentou que pela Serra da Bocaina, o Brasil começou seu interior, por meio das Trilhas do Ouro, depois das Trilhas do Café.
Lia Capovilla agradeceu à participação de todos os convidados, músicos e equipe de apoio e produção: Kaoli e Leandro (som), Ruan e Edmar Moura(corte), Ada Maria e Janete Ronch (produção), João Bosco Gomes e Carlos Dei (produção/Rio-RJ), Jéssica (tradução em linguagem de Libras), Dinho Paraty e Renato Padovani (apoio técnico), Domingos Moura (idealização e direção), para promover e fortalecer os negócios e produtores locais.
EXPEDIENTE:
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