Juçara Braga
A Companhia de Águas do Estado do Rio de Janeiro (Cedae) vem sendo massacrada diariamente nos noticiários devido à falta de água em vários bairros do Rio e da Baixada Fluminense sem que se faça distinção entre a empresa e sua atual gestão, que é passageira e, ao que tudo indica, ineficiente. Ou seja, o problema não é a Cedae, mas seus gestores.
A campanha insidiosa que se faz contra a Cedae tem objetivo econômico bem definido. A ideia é conceder o filé (distribuição) à iniciativa privada e deixar o osso (captação e tratamento) com a Cedae, com a empresa pública que pertence ao povo do Rio de Janeiro. Assim, caro leitor, cara leitora, é no nosso colo que eles querem deixar justamente a parte que não dá lucro. E, para os barões do capital, a renda.
Isso, por si só, já é inaceitável, mas a coisa piora muito quando lemos no site de notícias UOL, edição de 04/12, que o governo do Estado do Rio e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) fizeram um acordo sobre o valor da água que a Cedae venderá ao futuro concessionário.
Pois é! Cabe lembrar que, de um lado, estão dirigentes do BNDES indicados por um governo ultraliberal que, até agora, com quase dois anos de mandato, não mostrou qualquer afinidade com os interesses da população. Não há uma ação sequer dedicada ao desenvolvimento econômico, à geração de emprego, à melhoria da prestação de serviços básicos de saúde e educação.
Enfim, se fizermos uma varredura no noticiário nesse período só veremos, relacionadas ao Governo Federal, notícias sobre intrigas, armações, produção de fake news, denúncias de prática de rachadinha, proposta de passar a boiada aproveitando a distração da imprensa com a pandemia, ovações ao presidente que acaba de perder a reeleição nos Estados Unidos, cheques suspeitos circulando na conta da primeira-dama, até hoje sem explicação, e xingamentos a jornalistas. Essa é a obra do atual governo federal neste mandato.
De outro lado, temos, nessa negociação, um governador em exercício que foi vice daquele afastado por suspeita de corrupção. Ele próprio foi alvo da operação que determinou o afastamento do governador. Cabe perguntar onde estava e o que fazia Cláudio Castro enquanto rolava uma roubalheira milionária na área de saúde do governo para o qual ele foi eleito como vice.
E há outros rolos sobre os quais o governador em exercício precisa se explicar. Segundo informou o site G1 em 28/08, pesa sobre Cláudio Castro a acusação de que, em conjunto com André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa, e Wilson Witzel, teria organizado um esquema criminoso para desvio de sobras do orçamento da Assembleia Legislativa do Estado do Rio em proveito dos deputados.
O governador em exercício do Rio que, hoje, tem a caneta para tomar decisões importantes sobre a nossa companhia de águas, de acordo com o G1, também foi citado em outra investigação que envolve desvios de contratos da Fundação Leão XIII, que é ligada ao gabinete da vice-governança. Um ex-assessor dele foi preso em 2019.
É essa gente que está montando o esquema (Ops! Falei esquema?) de privatização da Cedae. Pode? Não pode. Nesse jogo, a Cedae é vítima, não vilã. Vilões são… Bem, a gente sabe quem são os vilões, não é mesmo?
Juçara Braga é jornalista e escritora. Autora do livro de causos ‘Perdi meus olhos no travesseiro” (2015), hoje se aventura pelo universo de crônicas e contos. Graduada pela Faculdade Hélio Alonso (1982), trabalhou na Rádio Tupi, TV Manchete, Tribuna da Imprensa e no Jornal do Commercio (RJ), foi chefe de Comunicação do Sesef (Serviço Social das Estradas de Ferro) e colaboradora do Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá.
Em São Paulo, atuou no Diário Popular, na revista Enfoque Feminista publicada pela União de Mulheres de São Paulo e criou a agência Só Texto Comunicação. De volta ao Rio, foi assessora de imprensa na área de Gás e Energia da Petrobras.
A partir de agora temos a honra de contar com o seu talento como colaboradora nas fileiras do Flitoral Costa Verde.
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