Originalmente a Terra Nova de Paraty nunca foi um mangue

Se considerarmos a tese de Teodoro Isnard Ribeiro de Almeida, Mestre em Sensoriamento Remoto pelo INPE, Doutor em Ciências (Geologia) pela USP e com Pós-doutorado na Universidade Paul Sabatier (França), podemos afirmar: “O mar desceu cerca de 125 metros em relação ao nível atual! Há cerca de 60.000 anos, o nível do mar começou a baixar, atingindo o mínimo há 25.000 anos. E, há 20.000 anos, começou a subir rapidamente. Durante 5.000 anos, em Paraty, a linha que marca 25 metros de profundidade passava pelo Parcel. A de 50 metros ficava cerca de 10 km além da Ilha Grande.”

Considerando a pintura de J.B. Debret, Villa de Paraty (1827), e a Carta Corográfica da Província do Rio de Janeiro (1858-1861), podemos concluir que, nesses períodos, a Terra Nova de Paraty não existia. No entanto, registros fotográficos mais recentes, entre as décadas de 1960 e 1980, mostram a formação da Terra Nova, resultado do assoreamento do Rio Perequê-Açu, causado pela retificação do rio durante a época da malária, o desmatamento dos bairros ao redor da cidade e o aumento da carga de esgoto sanitário sem tratamento, decorrente do crescimento urbano e turístico da cidade.

Nos últimos trinta anos, a Terra Nova se transformou em um pequeno manguezal, mas, historicamente, a área não apresentava as características de um mangue natural, sendo uma consequência recente das alterações ambientais provocadas pela atividade humana. Entretanto, a área tornou-se palco de debates históricos e ambientais envolvendo o IPHAN, INEA, a prefeitura, a Associação de Moradores do Centro Histórico e, mais recentemente, o CONDEMA. As discussões giram em torno de como manejar essa área: se é necessário podar o mangue, criar um parque ou, ainda, lidar com as questões sociais das pessoas em situação de vulnerabilidade que transitam pelo local.

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Editor Flitoral

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