Coronavírus e o ESF Cuba-Paraty

Supor que o Coronavírus (COVID-19) já está em Paraty e só poder comprová-lo após primeira morte, exige reflexão sobre o Sistema Municipal de Saúde.

Em tese, este sistema deveria integrar os dados da Estratégia de Saúde da Família – ESF com o Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB e as emergências hospitalares, possibilitando o monitoramento em tempo real dos possíveis casos de propagação de doenças transmissíveis e epidemiológicas nas comunidades, pelo sistema de Vigilância Epidemiológica Municipal.

O caso do Coronavírus de Wuhan, na China, que rapidamente se espalhou dramaticamente por países de primeiro mundo, chegado ao continente americano e ao Brasil, batendo à porta de Paraty e Ilha Grande-Patrimônio Mundial, mostra a negligente conveniência da Organização Mundial de Saúde- OMS e a ineficiência dos sistemas de Vigilância Epidemiológica locais, regionais e globais.

Tendo como parâmetro os casos da Itália e Espanha, fica evidente que os sistemas de Vigilância Epidemiológica destes países não tiveram a sólida competência de preverem ações para achatarem o pico da curva de contaminação comunitária, somando -se a este fator a saturação dos sistemas de saúde que, efetivamente, contribuiu para ampliação da letalidade do vírus e o aumento do número de mortes.

Como alternativa a esta pandemia, podemos destacar os modelos da Coreia do Sul, do Japão e, principalmente, o modelo de Cuba, que tem como estratégia de saúde a prevenção, através da atuação cotidiana dos agentes comunitários, enfermeiros e os médicos de família em suas comunidades.

Amplamente implantado no Brasil com o nome de Estratégia da Saúde de Família – ESF, o modelo cubano chegou em Paraty em 2001, através da mobilização do Conselho Municipal de Associações de Moradores – Comamp e o apoio do Fórum DLIS. Nos primeiros dois anos, seguindo as orientações deste modelo, mesmo com pouca infraestrutura, os profissionais de saúde fizeram um trabalho surpreendente reconhecido pelas comunidades de Paraty.

Com o passar do tempo, os governantes investiram na infraestrutura dos postos de saúde da ESF, mas deixaram de lado as ações prioritárias desta Estratégia de Saúde, pactuadas na IV Conferência Municipal de Saúde e pelo Plano de Governo das Comunidades, elaborado pelo COMAMP em 2004.

Mesmo com todo empenho do governo municipal para manter o isolamento das pessoas, não podemos deixar de avaliar a eficiência da Estratégia de Saúde da Família de Paraty – ESF, que completa 19 anos e ainda tem sérias dificuldades para implementação de ações fundamentais de monitoramento e prevenção da saúde comunitária, aprovadas por unanimidade na IV Conferência Municipal de Saúde. Entre elas:

  • Reunião bimestral com as comunidades;
  • Cartão de controle do usuário com os critérios de atendimento;
  • Agendas definidas e bem divulgadas;
  • Reuniões mensais entre as lideranças dos bairros atendidos pela ESF e a equipe do posto para avaliação dos relatórios do SIAB (Sistema de Informação de Atenção Básica).
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Editor Flitoral

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