I. A. – Inteligência Artificial_ Por que?

Carlos Fernando S. Andrade

Por que um biólogo aposentado iria se preocupar com a tal Inteligência Artificial? Computadores, algoritmos, aprendizado de máquina, aprendizado profundo, programação em Python? É fácil responder pois é do memo assunto que tratam as palestras, artigos e livros recentes sobre o humano e o pós-humano, dilemas da pós-modernidade, superinteligência de máquinas, um novo mundo, com um novo tipo de vida! Espera aí, um novo tipo de vida? E aí um pesquisador de Física sueco chamado Max Tegmark, que foi casado com uma brasileira lá nos Estados Unidos, escreve em 2019 o livro “Vida 3.0: O ser humano na era da inteligência artificial”. A resenha do livro é definitiva: “Max Tegmark descreve os mais recentes avanços na inteligência artificial e mostra como ela está pronta para superar a inteligência humana. De que forma a IA afetará os crimes, as guerras, a justiça, o trabalho, a sociedade e nossa própria noção de sermos humanos?”. Tenho que ver isso!

I.A. – Inteligência Artificial também é o nome de um filme de ficção científica de pouco sucesso de Steven Spielberg de 2001, a partir de um projeto de Stanley Kubrick, sobre a possibilidade da criação de máquinas com sentimentos. Kubrick morreu em 1999 e não viu esse filme terminado. Mas ficou famoso por ter feito outras ficções futurísticas ótimas como ‘2001 Uma Odisseia no Espaço’ (1968) e ‘Laranja Mecânica’ (1971). Sim, ele gostava de filmar coisas do futuro. Na Odisseia no Espaço, o computador ‘HAL 9000’ da nave Discovery One é programado para realizar suas tarefas de forma eficiente, porém, ao longo da história, acaba demonstrando comportamentos e intenções próprias questionáveis e a tripulação não controla mais essa máquina inteligente.

Mas passados mais de 50 anos, sabemos que I.A. não é exatamente máquinas com sentimentos. Ou se daqui mais 30 ou 50 anos, ou se um dia, será possível que robôs sintam ódio, medo, compaixão, perplexidade, cócegas ou coisa assim. Não sabemos. Alguns estudiosos apostam que sim e outros apostam que não. Não importa muito hoje em dia. Outras coisas, no entanto, importam mais. Por exemplo as máquinas já interpretam situações e tomam decisões. Meu carro sente o meu peso sentado no assento do motorista e não me deixa sair guiando sem colocar o cinto de segurança, mas deixa minha mulher fazer isso! Não é um ‘sentimento discriminatório, sexista’ ou ‘gordofóbico’ do nosso carro, é claro. Não é um sentimento. Alguém programou assim e boa. Irrita essa diferença, mas fazer o que? Em árabe, Ysabechhum significa ‘Bom Dia’. Em 2019 um trabalhador palestino escreveu isso certinho no seu Facebook quando postou uma selfie ao lado de seu trator, desejando um bom dia aos amigos da obra. Mas…no caso dele (ou seria melhor dizer que foi no caso dele ser um palestino em Israel?), a I. A. errou feio, disparou alarmes e enviou as forças militares israelenses para prontamente prender o pobre sujeito. E dá-lhe cadeia e pancada!! O sistema nas máquinas e computadores não estava programado para ‘sentir’ um operário alegre e sim para ‘detectar’ ameaças. Foram máquinas certamente programadas com uma inclinação paranoica, pois em árabe ‘Mate-os’ é Ydbachhum, uma palavra parecida, mas certamente diferente. Os israelenses ‘ensinaram’ as máquinas a dar alarme para qualquer coisa parecida com Ydbachhum.

Se você digitar no Google ‘Mate o Preto’, vai ser remetido aos dois chás. O Google até percebe que você provavelmente pretendia digitar mate ‘ou’ preto, referindo-se aos chás. E aí você descobre sem paranoias que o chá preto é feito a partir das folhas de Camellia sinensis, e a erva-mate é da planta Ilex paraguariensis, originária da Mata Atlântica e encontrada também no norte da Argentina, Paraguai e Uruguai. Pronto! Não vai tomar pancada de militar nenhum, por enquanto.

Hoje a I.A. cresce e se espalha como chuchuzeiro na cerca. É fruto da tecnologia, e como já apregoou o Kevin Kelly, é inevitável! O Kevin é uma daquelas pessoas incômodas, pois é bem otimista sobre a I.A. mas passou sua vida excluído da tecnologia que nos capturou! Recentemente ele contemporizou que que não há uma “entidade” chamada I.A., mas várias IAs, cada uma com suas características e especificidades. Disse brincando que “Já temos carros autônomos e sistemas que realizam diagnósticos mais precisos graças à inteligência artificial, mas ninguém quer seu carro praticando medicina”. Ainda bem, pois as coisas andam rápido. Ele mesmo lembrou que o ChatGPT já é a tecnologia adotada de forma mais rápida na história da humanidade: de zero a 100 milhões de usuários em apenas duas semanas. Parece piada também quando ele diz que a I.A. vai fazer aquilo que não temos mais saco para fazer, ela vai fazer o trabalho sujo, burocrático, cansativo, repetitivo. Mas vai fazer certo? Ele defende que “a IA é treinada e é também imperfeita como os humanos, muitas vezes racista, sexista, porque é baseada no que a gente é. Mas a gente não pode aceitar que elas sejam assim. Ou seja: ela terá que ser melhor que nós somos”. Pergunto se seremos capazes disso? Se der certo, será a Vida 3.0 mesmo! Kevin ilustrou essas ideias com isso: “Esse processo vai causar uma crise de identidade em nós mesmos: quem somos, o que queremos ser e o que ‘melhor que nós’ significa? Talvez o objetivo final da inteligência artificial seja usá-la para que nós mesmos nos tornemos humanos melhores”.

Como Biólogo acho isso uma besteira. Não existe a possibilidade de humanos do futuro serem melhores que humanos atuais ou do passado. Um aparelho celular melhor que outro, ou um fogão melhor, uma caneta ou um navio melhor? Ok! Mas uma borboleta não se compara a ser melhor ou pior que outra. Tomara que ele esteja pensando em sociedades melhores. Isso sim seria desejável e possível, mas é assunto para outras reflexões.

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3 respostas para I. A. – Inteligência Artificial_ Por que?

  1. fldom diz:

    Obrigado Wedson pelo comentário. “Uma faca de dois legumes”KKK

  2. CARLOS FERNANDO S. ANDRADE diz:

    gostei de escrever isso

  3. WEDSON DESIDERIO FERNANDES diz:

    Às vezes chega assustar esse avanço tecnológico. Mas, se usarmos corretamente é uma baita ferramenta. Uso para correção de textos, para responder alguns topos de mensagens, no Excel para trabalhar melhor as planilhas, para preparar imagens interessantes para ilustrar as aulas ou mesmo para preparar roteiro de aulas. Ah, e ficar atentos para uso indevido dos acadêmicos. Ou seja uma bela ferramenta se a usarmos de forma ética. E aí mora o principal problema.

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